Comunicação Política
15-02-2016

António Costa troca "Governo de Portugal" por "República Portuguesa"

LUÍS PAULO RODRIGUES

Uma das primeiras alterações da política de comunicação do Governo português do socialista António Costa foi a substituição da marca “Governo de Portugal” pela designação “República Portuguesa”, mantendo o logótipo e o tipo de letra. A mudança foi tão discreta que até passou despercebida aos meios de comunicação, pois não há qualquer registo de notícias, não obstante tratar-se de uma alteração simbolicamente importante na imagem do Executivo.
Por não existir informação sobre as alterações, nem no próprio portal oficial do Governo (www.portugal.gov.pt), não sabemos se a mudança apressada corresponde a uma nova visão estratégica do Governo sobre a marca do País. Presumo, no entanto, que o Governo do Partido Socialista, pura e simplesmente, quis mudar alguma coisa, só para marcar a diferença em relação ao Governo anterior, da coligação PSD/CDS. O que se lamenta, uma vez que a marca de um País deve estar acima dos interesses político-partidários e dos ciclos eleitorais, sob pena de estar em mudança constante.
Entretanto, saúda-se a mudança na forma de comunicar no novo Primeiro-Ministro. As pessoas estão nas redes sociais e António Costa decidiu ir ao encontro delas, tendo começado a utilizar as redes sociais para difundir conteúdos, comunicando diretamente com os eleitores, sem o filtro dos jornalistas. Ao mesmo tempo, procura influenciar líderes de opinião. O ensaio começou com uma série de vídeos curtos, em que o governante explica as vantagens do Orçamento de Estado para 2016 (ver aqui: http://goo.gl/djsDDJ). Costa rompe, assim, com o seu antecessor, Pedro Passos Coelho, que entendia não ser necessário utilizar os meios de comunicação digitais, enquanto os partidos da coligação governamental lamentavam a má explicação das medidas tomadas.
Passos Coelho, recorde-se, quando foi para a liderança do Governo, em 2011, deixou ao abandono os seus seguidores na conta do Facebook, tendo ensaiado aparições posteriores, com as quais se deu mal, dada a avalanche de críticas dos seus seguidores, em tempos de duras medidas de austeridade, até que, o governante desistiu de atualizar a página, em Dezembro de 2012, sendo de estranhar que não a tivesse despublicado – funcionalidade que o Facebook disponibiliza, deixando uma página invisível –, para voltar à rede quando entendesse como mais oportuno (ver aqui: www.facebook.com/pedropassoscoelho). Curiosamente, nem agora, em que decorre a campanha interna para a liderança do PSD, Pedro Passos Coelho retomou o contacto com os seus mais de 140 mil seguidores na rede de Mark Zuckerberg.
Voltando a António Costa, estranha-se, também, que os seus vídeos e outras informações da atividade do Governo estejam apenas presentes na rede de microblogging Twitter, uma rede com poucos utilizadores em Portugal, comparativamente com o Facebook – que é a rede mais popular em Portugal e no mundo. O Twitter é frequentado, sobretudo, por figuras públicas, designadamente políticos e jornalistas. A partir do portal da República Portuguesa, só aparece uma ligação para o Twitter, sendo notória a ausência de uma estratégia de comunicação multicanal por parte do Governo da… República Portuguesa.
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