Comunicação Empresarial
26-10-2016

Como a Internet colocou a comunicação no centro da atividade empresarial

LUÍS PAULO RODRIGUES

Com a Internet transformada no veículo de comunicação mais importante do planeta, as empresas e as marcas têm de produzir os seus conteúdos como se fossem editoras de informação. Isso implica oferecer conteúdos relevantes e sedutores nas diversas plataformas digitais de conexão com clientes e consumidores. É o único caminho para as empresas e outras organizações sociais inspirarem confiança no mercado, retendo os clientes conquistados e atraindo novos clientes.

Neste contexto, é fundamental o investimento na contratação de um profissional de comunicação capacitado e com provas dadas. Ou na contratação de uma agência de comunicação igualmente credível e de confiança. O ideal até seria contratar um profissional a tempo inteiro para a comunicação operacional e um consultor externo vocacionado para a comunicação estratégica e o aconselhamento.

Um profissional a tempo inteiro é necessário e tem sempre o que fazer, tendo em conta as múltiplas plataformas de comunicação em que uma marca deve estar presente, e um consultor externo transmite o seu valor acrescentado dando a sua visão externa, que não está condicionada pelo funcionamento da organização nem pelas rotinas diárias. Nestas situações, quem vê de fora, geralmente, vê melhor e consegue fazer uma avaliação mais correta e próxima da perceção dos públicos para quem a empresa trabalha.

Entregar a gestão das redes sociais à filha que “está na universidade” ou ao filho do amigo “que percebe de computadores” é um erro imperdoável. Porque chegará o dia em que uma crise de comunicação mal resolvida pode comprometer seriamente o negócio. Além disso, quem é da família não tem o distanciamento necessário para realizar um trabalho profissional.

Um erro recorrente é produzir conteúdos excessivamente concentrados nos produtos e nas vendas, causando tédio nos fãs e seguidores. É preciso ter a noção que as pessoas estão na Internet à procura de informação e não à procura de publicidade. Na rede, as pessoas precisam de ser envolvidas pelas marcas. As marcas, por seu lado, precisam de saber criar nas pessoas as necessidades para as quais têm respostas através dos seus produtos e serviços.

Colocando as coisas de outro modo: uma marca que quer vender um smartphone não deve começar por mostrar o aparelho que tem para vender e respetivo preço; deve começar por falar das suas características e de como essas características podem melhorar a experiência do cliente. Ao focar a sua atenção nas vantagens geradas pelas características do novo aparelho, o cliente já iniciou o processo de decisão de compra.

O marketing de conteúdo é hoje o melhor caminho das marcas para chegarem até ao coração dos clientes. Mas há um detalhe muito importante que, para muitas empresas e organizações, é um problema sério: bons conteúdos dão muito trabalho e exigem capacidade profissional na arte de escrever as frases certas e sem erros ortográficos. Exigem um bom fotógrafo e uma escolha de temas bem planeada e um trabalho minucioso de escolha das melhores fotografias e imagens em movimento (vídeos). Exigem, também, um bom trabalho ao nível do design. O design é tão importante numa loja física como num site ou nas imagens ou infográficos utilizados nas redes sociais.

Bons conteúdos implicam, por isso, muita criatividade e imaginação. Para produzir bons conteúdos é preciso ter mundo e ter memória. E é preciso compreender os fenómenos sociais, culturais, económicos, históricos e políticos dos mercados. Ou seja, uma boa comunicação, que dê respostas a todas as necessidades de uma empresa, exige uma multiplicidade de conhecimentos e saberes que não se encontram num único profissional. É por isso que muitas empresas erram na hora de formar a sua equipa de comunicação.

Vivemos num mundo global em que tudo tem a ver com tudo. E como todos comunicam com todos, ou tentam comunicar com todos, nós precisamos de comunicar cada vez com mais proximidade e exclusividade. Temos de ser únicos para cada um dos nossos clientes que estão na rede. Isso exige talento e competência. Custa dinheiro, mas não é um gasto. É um investimento com retorno. De qualquer modo, fica muito mais barato do que no passado, em que eram gastas somas astronómicas em publicidade, nomeadamente na imprensa.

A fase de gastar somas muito altas em publicidade já passou. Hoje, as empresas comunicam diretamente com os seus públicos. E têm de estar preparadas para isso, encarando o investimento em comunicação da mesma forma que encaram o investimento na área financeira ou na área produtiva. É um erro muito grave continuar a encarar a comunicação como um setor marginal ao negócio. Se há coisa que a Internet fez foi chamar a comunicação para o centro da atividade empresarial.
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