Comunicação Política
23-11-2015

Como contratar um assessor político

O que deve ser um assessor na política e na comunicação política e governamental? Como deve ser contratado? Qual deve ser o seu posicionamento na esfera política? Quais devem ser as suas qualidades? Qual deve ser o seu perfil? Por que é que os assessores, sejam de comunicação ou de outra área, são fundamentais na ação de um político contemporâneo? Que assessor político contratar para um Governo, um município ou qualquer outra organização política?
Vale a pena citar o cientista político brasileiro Francisco Ferraz, diretor do portal Política Para Políticos (www.politicaparapoliticos.com.br): "O assessor tornou-se um auxiliar indispensável aos políticos e governantes. A política moderna, sobretudo numa democracia, deixou de ser aquela atividade diletante, prerrogativa das elites que, basicamente, se resumia a fazer discursos eloquentes. A política tornou-se uma carreira e o político, na condição de legislador ou de governante, um profissional da carreira pública. Como qualquer outra carreira, a política exige competência, atualização permanente, profissionalismo e muito trabalho daqueles que a praticam. O assessor permanente, de tempo integral, que reúne confiança e qualificação também se tornou uma atividade profissional que corresponde a uma necessidade indispensável do político.”
Infelizmente, na maioria das vezes, a escolha do assessor político não tem em conta estes pressupostos fundamentais. Muitas vezes, o assessor é escolhido porque já trabalhou para o partido e precisa de um emprego melhor remunerado e com dinheiro certo no final do mês, que há muito estava prometido; ou porque segurou a bandeira durante a campanha ou porque é amigo do político ou de alguém influente que exige ao político a sua contratação. Muito raramente um político vai recrutar um assessor fora da esfera daqueles que andam à sua volta. Não obstante a necessidade de um profissionalismo cada vez maior na equipa de assessores de um político, muito raramente um político contrata entre aqueles que são mais capazes para o exercício da função.
Isso, geralmente, dá mau resultado, porque, ao contratar alguém que já faz parte do grupo, o político dificilmente conseguirá trazer para junto de si um profissional competente com uma visão holística da sua ação política, com um olhar externo, um olhar do eleitor, que traga para o gabinete do político a visão da sociedade e as suas tendências. No fundo, alguém que acrescente valor à ação do político. Alguém que não esteja no grupo de trabalho para glorificar as ações do político, apoiando tudo o que ele faz sem reservas, mas alguém que se coloque no lugar do cidadão, alguém que consiga colocar-se do outro lado, alguém que consiga dizer “não” e que saiba justificar o seu posicionamento. Não pelo interesse do assessor, mas pelo interesse do político, da sua ação política e da comunidade.
No entanto, um bom assessor deve ter o bom senso de reconhecer no político a autoridade e a legitimidade da última palavra, defendendo com unhas e dentes todas as decisões assumidas pelo político. Por outro lado, o assessor deve ser alguém que não ultrapasse os seus limites e que tenha presente que o protagonista que aparece no espaço público é sempre o político e nunca o assessor.
Como diz Francisco Ferraz, “a política exige competência, atualização permanente, profissionalismo e muito trabalho”. Ora,um bom assessor que reúna as qualidades necessárias raramente frequenta a sede do partido. O político precisa escolher bem e, nesta escolha, não deve ter em conta outros elementos que não sejam a competência técnica e política do assessor a contratar. E uma confiança absoluta no seu trabalho.

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