Obituário
13-08-2014

Emídio Rangel (1947-2014). Um lugar na história da rádio e da televisão

LUÍS PAULO RODRIGUES

A noção de “rádio em direto” instalou-se em Portugal através da matriz informativa da TSF, a partir de 1988. O “jornalismo de antecipação”, até aí monopólio dos jornais semanários, numa época em que os jornais diários cuidavam, sobretudo, das notícias do dia anterior, transferiu-se para a rádio, e, só algum tempo depois, para a imprensa escrita diária, sendo inaugurado com enorme sucesso pelo jornal “Público”, lançado em 1990. Daí a importância da TSF no jornalismo português – um projeto liderado pelo jornalista Emídio Rangel, antes de criar a SIC, a convite de Pinto Balsemão. Podemos dizer, sem exagero, que, em Portugal, houve um jornalismo antes de a TSF ter surgido e passou a haver outro jornalismo depois. Por isso, a morte prematura de Emídio Rangel, aos 66 anos, vítima de um cancro na bexiga, só não é uma perda irreparável para a rádio e para a televisão em Portugal porque o seu trabalho está feito há muitos anos e fez escola.
É um legado de excelência e impagável. A propósito, partilho uma das suas últimas entrevistas, em que ele recorda como fez a TSF e a SIC nas décadas de 1980 e 1990, respectivamente (http://bit.ly/1llN7wB), e faço a ligação para um texto meu, já publicado no blog COMUNICAÇÃO INTEGRADA, sobre o papel da TSF na informação em direto e suas consequências na imprensa portuguesa (ver aqui: http://bit.ly/1g0of5A).
Emídio Rangel começou a sua vida profissional na rádio, em Angola, na década de 1960. Veio para Portugal na sequência da Revolução Democrática de 1974, esteve 12 anos na RDP e, em 1988, fez parte da equipa fundadora da TSF. Com o lançamento da televisão privada, Francisco Pinto Balsemão convidou-o para director de Informação da SIC, em 1992, onde foi diretor de programas e assumiu o cargo de diretor-geral. Em 2001, passou para a RTP, para exercer funções também como diretor-geral.
Independentemente da história do berbequim, como metáfora dos seus exageros cometidos na luta pelas audiências televisivas nos tempos de afirmação da SIC, Emídio Rangel tem um lugar na história da comunicação em Portugal, como o homem que mudou o modo de fazer rádio e televisão. Emídio Rangel foi "o visionário que fez o 25 de Abril do jornalismo na rádio e na TV", escreve, muito justamente, a jornalista do "Público Maria Lopes, num texto em memória do jornalista (ver aqui: https://goo.gl/JcZGby).
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