Comunicação
16-12-2015

Mensagem, perceção e significado

LUÍS PAULO RODRIGUES

Se o leitor tem conta no Facebook, ou em outra rede social, certamente, já experimentou a situação desagradável de publicar uma mensagem e receber comentários sem sentido ou de sentido completamente oposto ao do significado da mensagem publicada. Isso é muito frequente na comunicação entre pessoas, mas também pode ocorrer na comunicação de muitas empresas, marcas e organizações, acontecendo quando o recetor não perceciona o verdadeiro significado da mensagem e reage partindo do seu quadro de entendimento. Quando a mensagem mal entendida tem a ver com algo socialmente importante e chama a atenção de muita gente, podemos estar em presença de um caso de crise de comunicação de consequências potencialmente negativas para o emissor da mensagem.  
A comunicação não é aquilo que nós dizemos, mas aquilo que os outros entendem. Se uma mensagem não foi recebida corretamente pelo recetor, o seu conteúdo transforma-se numa falácia.
As condições de receção de uma mensagem são essenciais para a forma como ela é percebida e percecionada. Muitas vezes, são essas condições que determinam aquilo que os outros entendem e assimilam da mensagem que comunicamos.
É curioso observar que a clareza de uma mensagem nem sempre significa que ela vai ser entendida pelo recetor com o mesmo significado que lhe foi atribuído pelo emissor. O conteúdo pode estar muito claro, mas pode não ser entendido pelo recetor, transformando-se em ruído.
Os comunicadores – cujo trabalho só é bem sucedido quando a mensagem é devidamente entendida e assimilada pelos recetores têm de ter em conta que o processo que determina a atribuição do significado de uma mensagem é muito complexo. Porque pessoas diferentes, com formações, experiências de vida e culturas diferentes geram perceções diferentes, interpretações diferentes. E a perceção é essencial no processo de atribuição de significado a uma mensagem.
Este é o pensamento central do primeiro dos 10 postulados da comunicação organizacional enunciados pelo norte-americano Charles Redding (1914-1994), considerado o "pai" da comunicação organizacional, tendo sido, na década de 1950, uma das primeiras pessoas que desenvolveram a comunicação organizacional como um campo de estudo nas universidades.
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